quinta-feira, junho 24, 2010

GLOBALIZAÇÃO : SOLUÇÃO OU PROBLEMATIZAÇÃO?


Professor Gilmar Carvalho BASTOS
gcarvalhobastos@yahoo.com.br

Nos dias atuais, viver sem ter que ouvir ou falar sobre globalização é algo impossível, o sistema capitalista, que talvez poderíamos chamar de percussor da globalização, pois incentiva a troca de mercadorias, visa cada vez mais o lucro de uma forma mais abrangente, fazendo com que mercados externos sejam se tornem internos, no sentido de se obter lucros em países estrangeiros, e esse lucro vindo é claro pra dentro do mercado internos, ou seja é a forma com que empresas multinacionais vem buscando, para se obter crescimento e valor econômico, montando suas filiais em mercado externo, e é claro, o seu lucro não fica dentro desse mercado, retorna pro pais de origem.
SENE (2004), afirma em seu trabalho GLOBALIZAÇÃO E ESPAÇO GEOGRAFICO, que realmente as multinacionais não estão interessadas em estar ajudando os paises subdesenvolvidos onde atual, ele comenta por exemplo, até de uma forma meio cômica, uma matéria produzida por uma revista, onde esta faz a seguinte declaração: “diretores estrangeiros são tão raros quanto lutadores britânicos de sumo” se referindo a quase ausência de estrangeiros dentro de empresas multinacionais japonesas.

As multinacionais se expandem pelo planeta, não no intuito de estarem levando progresso para determinados pontos, e sim somente com a intenção de expandir mercado e garantir lucro, o espaço para elas atuarem não é mais limitado, se tem condições de abrirem novos horizontes, mas isso não levando em consideração qual será o local e a sociedade que irá ser influenciada por ela, não se deve considerar que com a globalização o mundo se torna cada vez mais pequeno de uma forma geral, a globalização ocorre de forma irregular, “se verifica uma aproximação entre alguns lugares mais do que entre outros e, ainda assim, não para todas as pessoas que os habitam.” (SENE, 2004)
Mas como essas empresas detêm em suas mãos a máquina que faz girar o capitalismo, tem acesso as grandes tecnologias, elas não põe em questão, se o pais onde ela vai atuar, vai ser ou não beneficiado, elas tem em mente que devem atuar no planeta, sendo este o parque industrial de suas atividades:
No atual período informacional do capitalismo, em tempos de globalização, os indivíduos que têm recursos e acesso à tecnologia dispõem de um espaço maior para vivenciar. Principalmente as grandes corporações industriais e financeiras, que comandam o processo de globalização, têm a disposição um espaço geográfico muito maior para explorarem. Hoje elas podem atuar em muitos lugares. Seu mercado comum é o mundo, o planeta.
(SENE, 2004, p. 142)
Nas palavras de DEL ROIO (1990) “....a globalização marca uma retomada exponencial da financeirização da produção do capital, isto é, do predomínio do capital ‘puro’, do dinheiro que produz dinheiro” Dessa forma não se pode apoiar a idéia positivista de que globalização é um acontecimento global que favorece o mundo como um todo, dentro desse “mundo” globalizado, a parcela que usufrui dos benefícios de globalização é bem restrito,:
Como as possibilidades dos seres humanos são diversas, como a capacidade de agir é diferente, considerando a inserção nas formações socioespaciais, é de se esperar que o espaço geográfico não se expanda igualmente para todos. [...] Pessoas, sobretudo pobres, não são muito importantes para os atores hegemônicos que comandam a globalização.
(SENE, 2004, p.141-142)
É sobre esse ponto de vista que se deve observar os pontos negativos e positivos da globalização, nesse período em que o mundo esta passando por grandes transformações, e podemos dizer que essas não se restringe a um determinado espaço de tempo certo, marcado no espaço, pois o meio técnico - cientifico - informacional é cada vez mais crescente, descobertas acontecem a cada segundo, na malha mundial das pesquisas, são a todo momento criadas formas de se atuar em mundo cada vez mais competitivo, onde não se pensa mais em limitações, o importante é crescer, tentar diminuir distancias, gerar lucros, desfazer-se de prejuízos.
No sentido de se obter informações sobre acontecimentos e descobertas podemos sim afirmar que vivemos em uma única aldeia, mas convém mencionarmos mais uma vez que nem todos estão dentro dessa aldeia, no sentido de estarem sendo informados ou usufruindo das novas tecnologias, e formas de atuar em uma sociedade que ao mesmo tempo parecer estar sendo modernizada em termos científicos, alguns lugares do mundo só sabem, destes acontecimentos, e as vezes nem sabem, pois muito vivem ilhados e os que ficam por dentro, é em resultado dos meios de comunicação em massa como internet e TV, que dentro da globalização vem sim encurtando distancias, já que hoje televisões do mundo inteiro entram dentro de alguns, lares e mais uma vez nem todos podendo se ter acesso a esses sinais de TV, já que eles estão disponíveis sem sistemas de TV por assinatura, que as classes C e D em sua maioria não tem acesso.
MOREIRA & SENE (2002), comentam sobre essa atual situação do mundo, onde o século XXI é marcado por grandes redes de informações, o aqui já mencionado meio técnico-científico-informacional : No atual período do capitalismo, desenvolve-se um novo meio geográfico, adaptado às exigências da economia globalizada. Incorporam-se crescentemente ao espaço geográfico objetos que apresentam um conteúdo cada vez mais alto de ciência, técnica e informação como: modernas redes de telecomunicações, antenas parabólicas e de telefonia celular, cabos de fibras ópticas, redes de computadores etc.
(MOREIRA & SENE, 2002, p. 305) Viver num mundo global, tendo acessos a essas informações, tecnologia é algo louvável, mas como o objetivo deste é buscar destacar os pós e contras da “era” globalizada, será que todos poderiam concordar que tanta tecnologia atente todos dentro do mundo globalizado? Hoje com a popularização dos aparelhos celulares, se percebe que hoje é bem maior a parcela da sociedade que tem o aparelho do que os que não tem posse, mas se pode concretizar que é limitado os recursos ou o uso desses recursos para as classes C e D, onde muitos usufruem de alguns benefícios somente através de visitas em Lan Houses, ou casa de amigos ou trabalho . Dessa forma podemos estar cada vez mais imbuídos nesses estudos, procurando obter dados fontes, informações que mostrem os aspectos positivos/negativos da globalização, fazendo deste um trabalho que vise ter como principal objetivo esclarecer de uma forma mais didática as formas com que muitos vêem os aspectos negativos dessa “era”.
Muitos procuram também estudar o mundo do trabalho dentro da globalização, pois sendo o trabalho a força física-mental que gera os lucros do capitalismo, este também deve ser tratado e estudo com minuciosidade, ALVES (1999) em seu trabalho “Trabalho e Mundialização do capital – A nova Degradação do Trabalho na Era da Globalização”, retrata a atual e mais verídica da situação do mundo do trabalho na atualidade, cita grandes problemas enfrentados por trabalhadores, onde ele cita que muitas vezes a população trabalhadora é muitas vezes excluídas, trabalham em empresas onde a infra-estrutura não é levada em consideração no sentido de dar uma melhor opção de trabalho para este empregado, ele da grande ênfase ao desemprego estrutural , ( mesmo sendo algo mais comum nos paises desenvolvidos):
Se por um lado, sob a mundialização do capital, ocorre o crescimento da classe operária tradicional, do crescimento dos assalariados dos “serviços” e da proliferação do trabalho assalariado “precário’, ou dos subproletariado tardio; por outro lado, instaura-se, como um componente contraditório do desenvolvimento capitalista, o crescimento do desemprego estrutural, com a constituição de um novo patamar de exclusão social nos principais paises capitalistas. [...] Deste modo surgem os novos excluídos na “nova ordem capitalista”, que são as massas de desempregados....
(ALVES, 1999, s/p)
Essa situação também é presenciada nos paises emergentes , no qual se pode incluir o Brasil onde o fato é assistido em muitas multinacionais, que por aqui se encontram instaladas (ler nota 5), essa crise tem feito com que muitos percam seu trabalho, forçados a deixar seus postos cedendo lugar a máquinas ou operadores mais qualificados, como o mundo não para, e o da economia “globalizada” no caso as grandes multinacionais, não param pra pensar em empregadores, o meio que faz com que tais organizações parem, são meios somente para se organizar estratégias para ganhar novos mercados.
Esses mercados produtores/consumidores muitas vezes são paises subdesenvolvidos e/ou emergentes, onde o parque industrial é bem desenvolvido, conta grandes tecnologias, mas tento o “caixa” em suas sedes administrativas sendo estas é claro em paises desenvolvidos, esse pensamento casa com a idéia de muitos cientistas sociais que relatam em muitos de seus estudos, e estes “povoam” a rede mundial, onde muitos afirmam que os paises emergentes, acabam sendo deposito de lixo dos países ricos industrializados, talvez podemos contar com situação semelhante em nosso município, onde no inicio de 2007 , uma industria norte americana se instalará no município, poderíamos contar com a possibilidade de termos somente situações positivas que serão vividas pela população do município? É claro que não, já que a própria empresa declarou a mídia que uma média de 30% de seu quadro de funcionário serão norte americanos, e os impactos ambientais, e se tratando de dinheiro, a fonte que gira o capitalismo globalizado, terá os empregadores desse município a mesma remuneração recebida por funcionários de uma unidade fixada nos Estados Unidos?
Talvez seja este uma das maiores problemáticas da globalização, em um mundo onde a concorrência (muitas vezes desleal), onde as novas descobertas estão sendo noticiadas a todo momento, onde as informações lotam os meios de comunicação, de massa, onde jornais, TV mostram noticias instantâneas, será possível usufruir de todos os benefícios da globalização, o mundo globalizado é justo? Uma comunidade no interior da Amazônia ou no interior da África, poderá estar sendo beneficiada com as tecnologias dessa nova era, de forma justa? Com certeza não, enquanto houver uma população marginalizada, sem condições de obter grandes valores em troca de sua mão de obra, ela não poderá usufruir de benefícios que atingem ( por ter valores altos) somente uma parcela da população, aquela em que o poder aquisitivo é demonstrado através de suas grandes casas, e meios de locomoção, já a sociedade excluída, privada dos benefícios globalizados, as chamadas classes C e D, e o que falar dos miseráveis da classe E? Se globalização é sinônimo de global, e global sendo sinônimo de conjunto, de um todo completo, então não podemos nunca afirmar que globalização seja solução pra um mundo de problemas, onde grande parcela vivem mergulhada em condições sociais subumanas, e apenas um pequeno grupo usufruindo dos grandes privilégios do mundo moderno.

Referências bibliográficas

FRANCISCO, Fernandes. Dicionário Brasileiro Globo, 35ª ed.São Paulo: Globo, 1993.
MOREIRA, João Carlos & SENE, Eustáquio de. Geografia para o ensino médio. São Paulo: Scipione, 2002.
SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2004

www.perfilnews.com.br, acesso em 02 de Novembro de 2006.
www.portalbrasil.eti.brasil
www.compera.com.br
www.scholar.google.com
www.globalization.sites.uol.com.br
www.correioweb.com.br

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