terça-feira, outubro 30, 2012

BANCOS COOPERATIVOS: UMA PEQUENA ABORDAGEM SOBRE OS BANCOS SICREDI E UNICRED



BASTOS, Gilmar Carvalho.[2]

O espaço urbano pode ser considerado o palco de grandes transformações, pelo qual passa a sociedade mundial, espaço este em que o atual processo de globalização[3], tendo como exemplo principal, a expansão de diversas multinacionais, que cada vez mais aumenta o número de suas unidades fabris, bancos internacionais absolvendo bancos locais, etc.
 Esta transformação pode ser considerada como um fator protagonista deste atual processo, ou seja, que este processo faz parte do modelo capitalista, e este fomentado pelas finanças[4], GUTTMANN e PLIHON (2008), afirmam que é “... evidente que o capitalismo contemporâneo é conduzido pelas finanças, uma vez que é, em grau sem precedentes, controlado por uma comunidade sempre crescente de investidores financeiros...”.
 SANTOS e SILVEIRA (2008, p. 195), esclarece que novos instrumentos financeiros são incorporados ao território, logo a sociedade é instigada a consumir produtos financeiros dos mais variados tipos, eles afirmam que este é um dos meios da Financeirização da sociedade e do território, “é um movimento de concentração e dispersão”. Concomitantemente é o grande número de instituições financeiras que surgem próximas uma das outras nos grandes centros urbanos, e o número destas que dispersam em direção ao interior, tendo como escopo atingir as cidades médias, isto quando se trata de agências financeiras como Fininvest, Losango etc.
Porém quando se trata dos bancos no sentido stricto sensu, estes por sua vez investem em cidades de qualquer porte, como o Banco Brasileiro de Desconto – Bradesco, que anunciou nos meios de comunicação, como sendo o único banco privado, a estar presente em todo o território nacional. Esta afirmação ocorreu após ter inaugurado duas novas agências, uma na comunidade de Heliópolis, capital de São Paulo e a outra em Novo Santo Antônio, município com menos de três mil habitantes no estado de Mato Grosso[5], e por meio do banco postal nas agências dos Correios.
 De acordo com SANTOS (2008), o espaço pode ser considerado como um fator da evolução social, logo este acaba sendo uma instancia da sociedade e instancia econômica, pois “... a economia esta no espaço, assim como o espaço está na economia”. Ainda parafraseando Milton Santos, fazem parte deste espaço, vários elementos, como por exemplo, as firmas, que neste caso poderíamos enquadrar os bancos, logo, estes são elementos do espaço urbano:
O banco tem, pois papel seletivo fundamental. Em primeiro lugar, ele paga diferentemente aos seus diversos depositantes e, em segundo lugar, ele cobra de forma também diferente aos tomadores. A verdade é que também escolhe, segundo as condições estruturais e conjunturais, os setores de investimentos, assim como escolhe entre tomadores potenciais. Isso, todavia, ele faz com a massa de dinheiro das firmas e do público à sua disposição, de tal forma que, ao se tornar capital produtivo, é que o capital bancário ganha a denominação de capital fundiário ou mercantil ou industrial. (SANTOS, 2008, p. 58)

Estes investimentos envolvendo dinheiro, tendo como mediador os bancos, citado por Milton Santos, pode ser considerado uns dos fomentos que move o espaço urbano. Desde o final da década de 1980 e toda a década de 1990, e em menor intensidade na atual, o espaço urbano brasileiro, tem sofrido grandes transformações, no que se diz respeito às instituições financeiras que permeiam esta parcela deste espaço, em especifico a rede bancária, e esta sendo o meio que movimenta as finanças nas mais diversas esferas do espaço, seja este espaço constituído por uma grande metrópole ou uma pequena cidade de interior, como o caso desta agência do Banco Bradesco:
Essa importância das finanças (isto é, da moeda, do crédito, do endividamento, dos juros etc.) e de seus atores ( os bancos, as “financeiras”, e demais credores e emprestadores), parece ter atualmente, chegado num novo patamar. Poucas são as atividades ditas “econômicas” que se fazem sem o acesso a algum tipo de instrumento financeiro. Desde os empréstimos internacionais, realizados entre grandes empresas e Estados, até uma operação de crédito consignado, demandado por um aposentado numa pequena cidade do interior do território brasileiro, a finança parece ter ganhado uma influência inaudita no atual momento de nossa civilização. (CONTEL, 2006, p. 2)

Esta rede bancária que administra estas e muitas outras finanças passa por um intenso processo[6] de transformação, sendo as mais consideráveis as dos bancos estatais sendo privatizados ou sendo absolvidos por bancos federais, bancos privados e públicos sendo comprados por grandes instituições internacionais. Segundo TEIXEIRA (2000):
Essas transformações caracterizam-se como inerentes ao próprio desenvolvimento financeiro capitalista contemporâneo e estão relacionadas, sobretudo, ao novo caráter do processo de internacionalização do capital – associado ao movimento de transnacionalização bancária – e à alteração no padrão de financiamento da economia brasileira... (TEIXEIRA, 2000, p. 26).

Esta chamada transnacionalização abordada por TEIXEIRA é evidenciada atualmente pela compras de bancos brasileiros por bancos estrangeiros, como exemplo podemos citar a compra do Banco Banespa, pelo Espanhol Santander, citado por CONTEL (2006, p. 184). Outra situação que merece ser aqui abordada é a questão do Banco Bamerindus, com sede em Curitiba – PR, por esta cidade se encontrar a região do Cone Sul do continente Americano, o chamado Mercado Comum do Sul – MERCOSUL, compreendendo outros países como, por exemplo, a Argentina, e assim tratar-se de uma região internacional, incluindo outros países como o Uruguai e Paraguai não seriam obra do acaso, como salienta AMADO (2006, p. 163), a compra deste banco privado brasileiro, pelo Inglês HSBC, já que esta região (MERCOSUL) se enquadra no grupo dos Blocos econômicos, que buscam fortalecer a economia local-regional, por meio da adoção de políticas comuns, como eliminação de barreiras alfandegárias, moeda comum (o caso da União Européia) dentre outras medidas.
Outro fator que contribui para este processo é a política criada pelo Estado, que tem como intuito reduzir ou até mesmo eliminar o controle Estatal sobre as instituições financeiras, isso resulta em uma “concentração ainda maior com a transferência de controle para grandes grupos financeiros tanto nacionais como internacionais”. (MINELLA, 2006, p. 49)
Poderíamos atribuir este processo[7] as bases materiais e políticas do mundo atual que tem permitido uma revolução nas formas de circulação do dinheiro, como abordado por SANTOS e SILVEIRA (2008, p. 185): “... as novas regras do jogo nas finanças não negligenciam as fronteiras nacionais, mas as torna outra fonte de lucro, uma vez que são as grandes empresas mundiais que estabelecem os umbrais e ganham com as conversões entre sistemas monetários...”. Estes sistemas monetários acabam criando uma relação entre estes sistemas e a sociedade que precisa do dinheiro para fazer dele o seu meio de consumo, o que podemos denominar de “Financeirização da sociedade e do território” (SANTOS e SILVEIRA, 2008, p. 195), e assim atendendo as necessidades de crédito da sociedade.
As mais diversas camadas da sociedade, sejam pessoas físicas ou jurídicas, acabam de forma direta ou indireta usando os serviços bancários, mesmo que seja apenas como um meio de se pagar contas, e estes não possuem nenhum outro vínculo com estas empresas, até aqueles que estão ligados de forma direta aos bancos, e não tendo assim condições de estarem administrando suas vidas sem desligarem-se destas empresas financeiras. 
Isto faz dos bancos peça fundamental nas formas de estruturar, pessoas empresas e suas relações com o meio, de acordo com CORRÊA (2006) os bancos são agentes sociais, privados ou públicos que fazem parte de um grande grupo de gestores do território, pois se apropriam deste território controlando sua organização socioespacial:
Na sociedade capitalista atual, a gestão do território deriva em grande parte dos interesses das grandes corporações multifuncionais e multilocalizadas, entre elas aquelas do setor bancário [...] A atividade bancária [...] localiza-se nos centros urbanos: uma cidade aparece como local da sede social de bancos comerciais, de investimentos, de companhias de arrendamento mercantil etc. (CORRÊA, 2006, ps. 61-62)

Partindo dessas análises, podemos afirmar que o espaço urbano atual, não poderia ser pensado sem a atuação dos bancos e suas vastas redes de agências, administrando e “fornecendo” capital e serviços (poupanças, mercadorias como seguros, títulos de capitalização etc.), servindo de mediadores entre partes, e neste caso poderíamos citar os bancos como interlocutores, entre empresas consumidoras de mão - de -obra e o meio por onde estas empresas pagariam os custos dessa mão-de-obra, como caixas de depósitos, financiando compras etc.
Por este contexto, é perceptível que a atuação dos bancos é inevitável no meio, e logo estes estarão sempre buscando novas formas de administrar capital, atraindo para si valores, por meio de campanhas, que são cada vez mais fortes como anúncios em revistas, rádios e em horário nobre das TVs, e agora de uma forma diferente, por meio do chamado merchandising, em novelas, onde os personagens são tidos como clientes de determinado banco.
 Esta busca por mercado consumidor, seja jurídico ou físico, fomenta a criação de novos bancos, como por exemplo, os bancos cooperativos, estes começam a aparecer no Brasil no inicio da década de 1990, como é o caso dos bancos cooperativos UNICRED[8] e SICREDI. “As instituições financeiras privadas criaram vários órgãos associativos para organizar e representar seus interesses de classe em relação ao Estado e demais seguimentos da sociedade brasileira”. (MINELLA 2006, p. 58).
Para uma melhor compreensão do sistema de Bancos Cooperativos, é viável uma pequena explanação sobre o conceito de cooperativismo, no sentido Stricto Sensu, trazido pela maioria dos dicionários, é a difusão de praticas cooperativa dentro do sistema econômico. A empresa cooperativa é formada e administrada por seus próprios usuários, ou seja, pelas pessoas que usufruem de seus serviços. As empresas cooperativas, e neste caso os bancos cooperativos trazem uma definição mais abrangente do termo, de acordo com o Banco Sicredi:
Cooperativismo é um instrumento de organização econômica da sociedade, criado na Europa no século XIX, caracterizando-se como uma forma de ajuda mútua através da cooperação e da parceria. A sociedade cooperativa é uma associação autônoma de pessoas unidas voluntariamente para satisfazer suas necessidades econômicas, sociais e culturais comum, por meio de uma empresa de propriedade conjunta e de gestão democrática. Entre os vários tipos de cooperativas, existem as cooperativas de crédito, criadas para oferecer soluções financeiras aos seus associados, constituindo-se num instrumento destes para acesso a produtos e serviços adaptados às suas necessidades e condições financeiras. (www.sicredi.com.br)

Tomando por base esta definição de forma mais específica, de que as cooperativas de crédito foram criadas para oferecer soluções financeiras aos seus associados, o UNICRED afirma ter como objetivo, “propiciar crédito e prestar serviços de modo mais simples e vantajoso para seus associados”, dentre estes serviços incluem muitos dos serviços prestados pelos Bancos comuns, como emprestar dinheiro a seus clientes, neste caso o SICREDI, afirma que os empréstimos a seus associados são oferecidos “com juros bem menores e com menos exigências do que os bancos”.
De acordo com GERIZ (2004), o SICREDI – Sistema de Crédito Cooperativo foi constituído a partir da reestruturação de nove cooperativas de crédito do Rio Grande do Sul, que permaneceram em atividade no período de crise iniciado com a institucionalização do crédito rural e com as restrições impostas à criação e funcionamento de cooperativas de crédito.
Estas nove cooperativas constituíram, em 27 de outubro de 1980, a Cooperativa Central de Crédito Rural do Rio Grande do Sul Ltda. – COCECRER | RS. A partir dessa reestruturação, o cooperativismo de crédito foi se desenvolvendo em toda a região, sobretudo nos Estados do Paraná, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul:
Em 1992 a COCECRER \ RS e suas filiadas instituíram o Sistema de Crédito Cooperativo – SICREDI. Em 1995, mediante autorização do Conselho Monetário Nacional através da Resolução 2.193 \ 95 foi constituído o BANSICREDI – Banco Cooperativo SICREDI S.A., primeiro banco cooperativo privado brasileiro. Atualmente o SICREDI presta serviços às cooperativas filiadas nos Estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande do Sul, com estrutura formada por aproximadamente 128 cooperativas singulares, 6 centrais estaduais, pelo SICREDI Serviços e pelo BANSICREDI.  (GERIZ, 2004, p. 19-20)

Ao analisarmos os muitos trabalhos que abordam a questão dos bancos cooperativos no Brasil e no mundo, é notável o grande crescimento deste sistema, principalmente quando se trata do SICREDI, que hoje faz parte do grupo de maiores Bancos Cooperativos do Brasil[9].
Desta forma o SICREDI, vai ganhando destaque, de acordo com o Relatório Anual (2008), elaborado pelo banco, a instituição vai se tornando cada vez mais “uma alternativa sólida: um modelo de negócio que oferece soluções financeiras baseado na transparência e na gestão democrática: o cooperativismo de crédito”. De acordo com este mesmo relatório, o SICREDI, já possui mais de 1,5 milhões de associados, possuindo uma rede de mais de mil pontos de atendimento, distribuídos em 10 estados brasileiros. Os dados abaixo, mostra que a presença do SICREDI na região Sudeste ainda é tímida, com postos-unidades de atendimento apenas no estado de São Paulo, sendo no total 39 unidades de atendimento, destas 3 estão na capital Paulista e 3  na região da Grande São Paulo: Guarulhos, Santo André e São Bernardo do Campo[10]

                      DISTRIBUIÇÃO DO SISTEMA SICREDI NO BRASIL

Central
SICREDI
RS | SC
Central
SICREDI
PR \ SC
Central
SICREDI
Brasil Central
Central
SICREDI
 MT
Central
SICREDI
SP
TOTAL

Associados

939.173

296.378

51.004

137.719

20.558

1.444.832
Unidades de atendimento e Postos Avançados

540

320

47

123

46

1.076

Número de Cooperativas

59

27

13

15

16

130
Fonte: Elaborada pelo autor com bases contidos em www.sicredi.com.br,  os dados contidos no site são referentes ao ano de  2008. De acordo com dados atuais do site (2009), o número de associados já ultrapassa a marca de mais de 1 milhão e 500 mil associados.

Basicamente todos os serviços prestados pelos bancos cooperativos, são os mesmo prestados pelo banco comum. Analisando estes serviços, fica claro o porquê do crescimento destes, pois para estes associados é bem mais viável abrir uma conta nestes, do que nos bancos comuns, isto explica o crescente número de associados que estes bancos possuem no país, pois além de prestar os mesmo serviços, os juros e tarifas,[11] são menores que os cobrados pelos bancos comuns, e mais uma vez é necessário acrescentar o sentimento de associado ou dono, que o correntista possui, e este mais do que cooperado ou correntista, se sente dono:
Sinto-me dono e sou sócio sim, da Cooperativa onde possuo conta e que está presente na minha comunidade. O Banco Cooperativo SICREDI S.A é o primeiro banco cooperativo privado do Brasil. Constituído em 1995, o Banco Cooperativo SICREDI atua como instrumento das cooperativas de crédito para acessar o mercado financeiro e programas especiais de financiamento, administrar em escala os recursos do Sistema, desenvolver produtos corporativos e políticas de comunicação e marketing. Neste sentido, sua atuação é voltada ao atendimento das demandas do quadro social das cooperativas de crédito do SICREDI e também daquelas com as quais mantém convênios específicos de prestação de serviços. O Banco Cooperativo Sicredi é a instituição financeira que representa as Cooperativas Singulares no sistema financeiro nacional. Através dele que são intermediadas negociações de recursos repassados de outras instituições financeiras para serem fornecidos aos associados, buscando proporcionar às mesmas condições de desenvolver seu negócio, gerar emprego e renda, bem como promover o desenvolvimento da sociedade onde a Cooperativa está inserida.  Além disso, disponibilizam produtos e serviços semelhantes aos presentes em outras instituições do sistema financeiro nacional (públicas ou privadas) e proporcionam comodidade e praticidade aos que os utilizam. Outra situação que demonstra ser dono do negócio se refere à Assembléia Geral onde cada associado possui poder de um voto, independente do valor de seu capital social e de sua movimentação financeira. (RONALDO RIBEIRO CÂNDIDO – Gerente da Agência SICREDI de Paranaíba – MS)

Em 2009, o SICREDI recebeu um prêmio de Destaque, promovido pela Agência Estado, cujo objetivo é premiar as instituições cujas projeções para os principais indicadores econômicos do país mais se aproximam da realidade.
Em relação ao UNICRED, as formas de administração da cooperativa, é a mesma do SICREDI, o que os diferenciam, é os seus cooperados, o SICREDI, é voltado para o agronegócio, com ênfase no crédito rural. O UNICRED, conta com mais de 123 unidades, a cooperativa de crédito foi criada para prestar apoio aos profissionais da saúde, como médicos, psicólogos, fisioterapeutas, dentistas e outros profissionais, estes vêem o UNICRED, como uma instituição de confiança, bem diferente dos sistemas de créditos comum.
 Ednéia Perboni Martins[12], que é cooperada UNICRED desde 2007, já consegue fazer um balanço de sua relação com a instituição e afirma ter tomado a melhor atitude de sua vida, no que se diz respeito a negócios, mudando de um banco comum, para uma instituição de crédito cooperativo: “...todo ano o banco faz um fechamento, e me passa todos os dados da atual situação da agência-banco [...] lucros, prejuízos[...] por meio da integralização de capital, se investe uma quantia mensal, porém se um dia decidir desassociar-me, receberei o valor de volta corrigido, como se fosse um título de capitalização, este valor investido, é a taxa geralmente cobrada pelos outros bancos, somente para manutenção da conta...”
Uma vez que os sistemas cooperativos baseiam se no principio de ajuda ao próximo, é perceptível enxergar solidariedade nas atitudes daqueles que fazem parte da instituição financeira de crédito cooperativo: “consigo ter um ótimo relacionamento com todos os “administradores” do banco, procuro saber com eles, opinião de como resolver problemas financeiros, sei o nome de todos aqueles que estão envolvidos da administração do banco”[13]. Ronaldo Ribeiro Candido, também diz se sentir dono do sistema cooperativo (SICREDI), onde atua como gerente:
Todo resultado gerado durante o exercício, através das movimentações realizadas pelos associados, denominado sobra, é distribuído/devolvido aos associados da Cooperativa, com critérios definidos em assembléia geral realizada nos primeiros meses subseqüentes ao final do ano, considerando as deduções e destinações previstas em estatuto próprio (FATES e Fundo de Reserva). Parte destes recursos são destinados a atividades que promovem desenvolvimento aos associados e seus familiares como eventos, cursos, palestras, apoio educacional, etc. (RONALDO RIBEIRO CÂNDIDO – Gerente da Agência SICREDI de Paranaíba – MS)

Um dos serviços prestados pelas cooperativas de crédito, e bem solicitado pelos cooperados, é a concessão de crédito:
...as cooperativas de crédito têm que emprestar para cumprirem o seu papel institucional, mas têm que emprestar com segurança de receber o crédito que alocaram junto a seus cooperados [...] para emprestar bem deve colocar em prática o conceito da boa técnica bancária [...] pode ser definida como um conjunto de medidas que se destinam a assegurar o retorno do crédito emprestado, compreendendo a seletividade na concessão do crédito, a possuir a operação garantias compatíveis com o risco das operações...[14]

O quadro abaixo mostra a evolução do sistema UNICRED, com destaque paro número de empréstimos feitos nos últimos 4 anos, e é nítido o grande crescimento no número de cooperados que recorrem à instituição na busca de crédito.

EVOLUÇÃO DO SISTEMA UNICRED                       
     2005
      2006
       2008
Depósitos a vista
387 Milhões
Depósitos a vista
 480 Milhões
Depósitos a vista
642 Milhões
Depósitos a Prazo
1.490 Milhões
Depósitos a Prazo
1.881 Milhões
Depósitos a Prazo
2.565 Milhões
Patr. líq. ajustado
654 Milhões
Patr. líq. ajustado
823 Milhões
Patr. líq. ajustado
1.193 Milhões
Sobras acumuladas
136 Milhões
Sobras acumuladas
148 Milhões
Sobras acumuladas
200 Milhões
Ativo total
2.663 Milhões
Ativo total
3.315 Milhões
Ativo total
4.586 Milhões
Empréstimos
1.170 Milhões
Empréstimos
1.405 Milhões
Empréstimos
2.475 Milhões
Ativo permanente
106 Milhões
Ativo permanente
128 Milhões
Ativo permanente
175 Milhões
Receitas totais
580 Milhões
Receitas totais
636 Milhões
Receitas totais
785 Milhões
Associados
121.119 Mil
Associados
139.675 Mil
Associados
181.299 Mil
Funcionários
2.224 Mil
Funcionários
2.498 Mil
Funcionários
2.519 Mil
Fonte: Elaborado pelo autor de acordo com dados contidos em www.unicred.com.br – Valores em Reais. Os dados relacionados ao ano de 2007, não constam no site.

O advogado Paulo Braga do UNICRED, afirma que quando um sistema de crédito cooperativo libera um empréstimo para seu cooperado, “a capacidade de pagamento não está vinculada ao patrimônio do tomador”, pois para ele o que conta não é o patrimônio, e sim sua renda, pois a cooperativa de crédito não tem interesse nos bens dos cooperados, pois esta não é uma agencia de automóvel e muito menos um depósito de móveis ou utensílios. Ou seja, não existe uma forma de penhor, o que acaba realmente fazendo a diferença é o comprometimento do cooperado.
As negociações feitas entre o cooperado e a cooperativa de crédito são sempre feita de forma muito informal. Ednéia Perboni Martins, que é associada, tanto como pessoa física como jurídica, sente que a cooperativa por meio de seus cooperados, (que estão à frente das linhas de empréstimos), tem realmente um apreço pelo cooperado, algo que não conseguiu presenciar nos bancos comuns. Segundo ela, os cooperados (tanto o que esta liberando o empréstimo, como também quem esta recebendo), sabem que no momento em que cooperativa de crédito liberar o valor solicitado, estará não somente tornando disponível algum valor, nem interessado no retorno, por meio do pagamento e das taxas de juros, mas porque sabe que o cooperado vai crescer, e este faz parte da cooperativa, ou seja, ele também é dono do sistema.
Ao término deste, podemos fazer algumas considerações sobre estes dois sistemas de crédito cooperativo – UNICRED e SICREDI, ambos são instituições novas, porém vem fazendo com que de forma rápida o país tenha conhecimento de suas atuações, principalmente de sua influencia em dois setores distintos, o UNICRED, atuando como uma forma de cooperar com o crescimento dos profissionais da área da saúde, e o SICRED, voltado de forma especial para o crédito cooperativo, porém não exclusivo.
Os bancos cooperativos vêm procurando de forma ética, baseada no bom senso uma forma de melhorar a qualidade de vida das pessoas que nelas buscam repostas, não somente para melhorarem seu poder aquisitivo, mas uma forma de melhor estarem lidando com a sociedade em todos os níveis.
Os sistemas de crédito cooperativos buscam não somente por meio de serviços bancários, mas também por meio de atividades sócio-culturais, melhorarem além da qualidade de vida de seus associados, a da sociedade de uma forma geral. Isso ficou constatado durante a elaboração deste, e outros trabalhos já produzidos que abordam a temática, e nas entrevistas com associados do SICREDI e UNICRED.





Referências:

AMADO, Adriana Moreira. “Impactos regionais do processo de reestruturação bancária do início dos anos 1990”. In CROCCO, Marco e Frederico Jayme Jr. Moeda e Território: uma interpretação da dinâmica regional brasileira. Belo Horizonte: Autêntica. 2006. pp, 147-168.
CONTEL, Fábio. Território e finanças: Técnicas, normas e topologias bancárias no Brasil. São Paulo: FFLCH / USP (Tese de doutorado). 2007
CORRÊA, Roberto Lobato. “Concentração bancária e os centros de gestão do território”. In CORRÊA, Roberto Lobato. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. 2006.
GERIZ, Sheila Dantas. As cooperativas de crédito no arcabouço institucional do sistema financeiro nacional. In Prima Facie – ano 3, número 4 jan/jun 2004.
GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. São Paulo: UNESP, 1991.
GUTTMANN, Robert e PLIHON, Dominque. “O endividamento do consumidor n cerne do capitalismo conduzido pelas finanças”. In Economia e Sociedade Vol. 17, 2008. pp,  575-610.
MINELLA, Ary. “Reforçando a hegemonia financeira privada: a privatização dos bancos estaduais”. In: ALVIM, Valdir e Alceu Ferreira (orgs.) A trama da Privatização. A Reestruturação Neoliberal do Estado. Florianópolis. Insular. 2001. pp. 49-72
SANTOS, Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil. Território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record. 2000.
SANTOS, Milton. Espaço e Método. 5ª ed. São Paulo: Edusp. 2008.
TEIXEIRA, Natermes Guimarães. Origens do Sistema Multibancário Brasileiro. Das Reformas dos anos 60 à crise dos anos 80. Campinas. Instituto de Economia. UNICAMP. 2000.




Fontes orais:
Ednéia Perboni Martins: Fisioterapeuta CREFITO 9\25.651-F. Associada como pessoa física e jurídica da Agência UNICRED / Três Lagoas – MS.
Ronaldo Ribeiro Cândido: Gerente da Agência SICREDI / Paranaíba – MS.

Sites:
www.conjur.com.br - Acesso 13/10/2009
www.institucional.bradesco.com.br - Acesso 17/11/2009.
www.sicredi.com.br - Vários acessos a partir de 13/10/2009.
www.unicred.com.br - Vários acessos a partir: 13/10/2009.



[1] Artigo produzido como forma de avaliação na disciplina Espaço Geográfico: Urbanização e Finanças, ministrada pelo Professor Drº Fábio Betioli Contel, no curso de Pós-graduação Stricto sensu em Geografia Humana, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLECH, da Universidade de São Paulo.
[2] Aluno especial do Programa de Pós-Graduação Stricto sensu em Geografia Humana. Bacharel e licenciado em Geografia pela UFMS ( Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Campus de Três Lagoas. Professor efetivo da rede estadual de educação de São Paulo.
[3] Mesmo sendo o termo globalização, difundido de maneira cada vez mais comum em todos os meios, sejam na TVs, rádios e jornais, e de forma massiva no meio acadêmico voltados para os estudos das ciências humanas, cabe aqui mais uma vez, darmos o conceito deste termo, uma definição bem didática é a de GIDDENS (1991, p. 69), onde ele define globalização “... como a intensificação das relações sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distancia e vice-versa”. GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade. São Paulo: Unesp, 1991.
[4] “Cada vez mais, economistas heterodoxos estão usando o termo “Financeirização”[financialization] para realçar as diferentes dimensões da importância crescente das finanças e as implicações macroeconômicas dessa tendência (Stockhammer, 2007) , muitas vezes questionada pelos seus efeitos restritivos sobre a distribuição e o crescimento (Stockhammer, 2004; Hein; Van Treeck, 2007).  In GUTTMANN e PLIHON, 2008.
[5]O Bradesco inaugurou a agência bancária de Heliópolis, maior comunidade habitacional de São Paulo, com população de 120 mil pessoas. É o primeiro banco a se instalar no local. O evento acontece de forma simultânea ao início das operações da agência Bradesco de Novo Santo Antônio, no Mato Grosso, cidade com 2.250 habitantes. Esses dois pontos completaram o objetivo de atingir 100% dos 5.564 municípios do Brasil”. Disponível em www.institucional.bradesco.com.br.

[6] Este processo é algo ainda presente,  pois podemos citar dois exemplos  recente, a compra do Banco Estadual  de Santa Catarina –BESC, e do  Banco Nossa Caixa do estado de São Paulo,  ambos pelo Banco do Brasil em 2008. Disponível em www.conjur.com.br
[7] Este processo de transformação da rede bancária, que não somente tem acontecido com a brasileira, mas também com a de outros países, aqui mesmo na América Latina, como por exemplo, no México e Argentina. O Professor Ary Minella, argumenta que este processo do controle “estatal parece constituir um obstáculo à expansão da hegemonia das grandes instituições privadas em âmbito nacional e internacional. A pressão para diminuir ou eliminar completamente a presença de bancos desta natureza se fez sentir intensamente na América Latina. A maioria dos governos do continente tomou medidas que visavam diminuir a presença do Estado. ( MINELLA, Ary. Reforçando a Hegemonia Financeira Privada: a Privatização dos Bancos Estaduais. In ALVIN, Valdir e Alceu Ferreira (orgs.) A Trama da Privatização: A Reestruturação Neoliberal do Estado. Florianópolis. Insular. 2001. p. 55.
[8] O UNICRED – Confederação Nacional das Cooperativas Centrais foi fundada em 11 de Julho de 1994, o sistema UNICRED é formado pela UNICRED DO BRASIL, UNICREDs CENTRAIS e UNICREDs Singulares e Postos de Atendimento Cooperativo – PACs. É uma instituição financeira autorizada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil, sendo administrada pelos próprios associados, com Diretoria Executiva, Conselhos de Administração e Fiscal.  Disponível em www.unicred.com.br

[9] “Os dois maiores sistemas cooperativos de crédito em nosso país são o SICOOB – Sistemas de Cooperativas de crédito o Brasil, e o SICREDI – Sistema de Crédito Cooperativo. (GERIZ, 2004, p. 18)
[11] Para maiores informações, acessem www.sicredi.com.br  -  Tabela de tarifas máximas SICREDI.
[12] Fisioterapeuta CREFITO 9\25.651-F. Associada como pessoa física e jurídica da Agência UNICRED – Três Lagoas – MS.
[13] Ibdem...
[14] Paulo Braga, advogado associado do sistema UNICRED, disponível em www.unicred.com.br 

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