BASTOS, Gilmar Carvalho.[2]
O
espaço urbano pode ser considerado o palco de grandes transformações, pelo qual
passa a sociedade mundial, espaço este em que o atual processo de globalização[3],
tendo como exemplo principal, a expansão de diversas multinacionais, que cada
vez mais aumenta o número de suas unidades fabris, bancos internacionais
absolvendo bancos locais, etc.
Esta transformação pode ser considerada como
um fator protagonista deste atual processo, ou seja, que este processo faz
parte do modelo capitalista, e este fomentado pelas finanças[4],
GUTTMANN e PLIHON (2008), afirmam que é “...
evidente que o capitalismo contemporâneo é conduzido pelas finanças, uma vez
que é, em grau sem precedentes, controlado por uma comunidade sempre crescente
de investidores financeiros...”.
SANTOS e SILVEIRA (2008, p. 195), esclarece
que novos instrumentos financeiros são incorporados ao território, logo a
sociedade é instigada a consumir produtos financeiros dos mais variados tipos,
eles afirmam que este é um dos meios da Financeirização da sociedade e do
território, “é um movimento de
concentração e dispersão”. Concomitantemente é o grande número de
instituições financeiras que surgem próximas uma das outras nos grandes centros
urbanos, e o número destas que dispersam em direção ao interior, tendo como
escopo atingir as cidades médias, isto quando se trata de agências financeiras
como Fininvest, Losango etc.
Porém
quando se trata dos bancos no sentido stricto sensu, estes por sua vez investem
em cidades de qualquer porte, como o Banco Brasileiro de Desconto – Bradesco,
que anunciou nos meios de comunicação, como sendo o único banco privado, a
estar presente em todo o território nacional. Esta afirmação ocorreu após ter
inaugurado duas novas agências, uma na comunidade de Heliópolis, capital de São
Paulo e a outra em Novo Santo Antônio, município com menos de três mil
habitantes no estado de Mato Grosso[5],
e por meio do banco postal nas agências dos Correios.
De acordo com SANTOS (2008), o espaço pode ser
considerado como um fator da evolução social, logo este acaba sendo uma
instancia da sociedade e instancia econômica, pois “... a economia esta no espaço, assim como o espaço está na economia”.
Ainda parafraseando Milton Santos, fazem parte deste espaço, vários elementos,
como por exemplo, as firmas, que neste caso poderíamos enquadrar os bancos,
logo, estes são elementos do espaço urbano:
O banco
tem, pois papel seletivo fundamental. Em primeiro lugar, ele paga
diferentemente aos seus diversos depositantes e, em segundo lugar, ele cobra de
forma também diferente aos tomadores. A verdade é que também escolhe, segundo
as condições estruturais e conjunturais, os setores de investimentos, assim como
escolhe entre tomadores potenciais. Isso, todavia, ele faz com a massa de
dinheiro das firmas e do público à sua disposição, de tal forma que, ao se
tornar capital produtivo, é que o capital bancário ganha a denominação de
capital fundiário ou mercantil ou industrial. (SANTOS, 2008, p. 58)
Estes
investimentos envolvendo dinheiro, tendo como mediador os bancos, citado por
Milton Santos, pode ser considerado uns dos fomentos que move o espaço urbano. Desde
o final da década de 1980 e toda a década de 1990, e em menor intensidade na
atual, o espaço urbano brasileiro, tem sofrido grandes transformações, no que
se diz respeito às instituições financeiras que permeiam esta parcela deste
espaço, em especifico a rede bancária, e esta sendo o meio que movimenta as
finanças nas mais diversas esferas do espaço, seja este espaço constituído por
uma grande metrópole ou uma pequena cidade de interior, como o caso desta
agência do Banco Bradesco:
Essa
importância das finanças (isto é, da moeda, do crédito, do endividamento, dos
juros etc.) e de seus atores ( os bancos, as “financeiras”, e demais credores e
emprestadores), parece ter atualmente, chegado num novo patamar. Poucas são as
atividades ditas “econômicas” que se fazem sem o acesso a algum tipo de
instrumento financeiro. Desde os empréstimos internacionais, realizados entre
grandes empresas e Estados, até uma operação de crédito consignado, demandado
por um aposentado numa pequena cidade do interior do território brasileiro, a
finança parece ter ganhado uma influência inaudita no atual momento de nossa
civilização. (CONTEL, 2006, p. 2)
Esta
rede bancária que administra estas e muitas outras finanças passa por um
intenso processo[6] de
transformação, sendo as mais consideráveis as dos bancos estatais sendo
privatizados ou sendo absolvidos por bancos federais, bancos privados e
públicos sendo comprados por grandes instituições internacionais. Segundo
TEIXEIRA (2000):
Essas
transformações caracterizam-se como inerentes ao próprio desenvolvimento
financeiro capitalista contemporâneo e estão relacionadas, sobretudo, ao novo
caráter do processo de internacionalização do capital – associado ao movimento
de transnacionalização bancária – e à alteração no padrão de financiamento da
economia brasileira... (TEIXEIRA, 2000, p. 26).
Esta chamada transnacionalização abordada por
TEIXEIRA é evidenciada atualmente pela compras de bancos brasileiros por bancos
estrangeiros, como exemplo podemos citar a compra do Banco Banespa, pelo
Espanhol Santander, citado por CONTEL (2006, p. 184). Outra situação que merece
ser aqui abordada é a questão do Banco Bamerindus, com sede em Curitiba – PR,
por esta cidade se encontrar a região do Cone Sul do continente Americano, o
chamado Mercado Comum do Sul – MERCOSUL, compreendendo outros países como, por
exemplo, a Argentina, e assim tratar-se de uma região internacional, incluindo
outros países como o Uruguai e Paraguai não seriam obra do acaso, como salienta
AMADO (2006, p. 163), a compra deste banco privado brasileiro, pelo Inglês
HSBC, já que esta região (MERCOSUL) se enquadra no grupo dos Blocos econômicos,
que buscam fortalecer a economia local-regional, por meio da adoção de
políticas comuns, como eliminação de barreiras alfandegárias, moeda comum (o
caso da União Européia) dentre outras medidas.
Outro fator que contribui para este processo
é a política criada pelo Estado, que tem como intuito reduzir ou até mesmo
eliminar o controle Estatal sobre as instituições financeiras, isso resulta em
uma “concentração ainda maior com a
transferência de controle para grandes grupos financeiros tanto nacionais como
internacionais”. (MINELLA, 2006, p. 49)
Poderíamos atribuir este processo[7]
as bases materiais e políticas do mundo atual que tem permitido uma revolução
nas formas de circulação do dinheiro, como abordado por SANTOS e SILVEIRA
(2008, p. 185): “... as novas regras do
jogo nas finanças não negligenciam as fronteiras nacionais, mas as torna outra
fonte de lucro, uma vez que são as grandes empresas mundiais que estabelecem os
umbrais e ganham com as conversões entre sistemas monetários...”. Estes
sistemas monetários acabam criando uma relação entre estes sistemas e a
sociedade que precisa do dinheiro para fazer dele o seu meio de consumo, o que
podemos denominar de “Financeirização da
sociedade e do território” (SANTOS e SILVEIRA, 2008, p. 195), e assim
atendendo as necessidades de crédito da sociedade.
As mais diversas camadas da sociedade, sejam
pessoas físicas ou jurídicas, acabam de forma direta ou indireta usando os
serviços bancários, mesmo que seja apenas como um meio de se pagar contas, e
estes não possuem nenhum outro vínculo com estas empresas, até aqueles que
estão ligados de forma direta aos bancos, e não tendo assim condições de
estarem administrando suas vidas sem desligarem-se destas empresas
financeiras.
Isto faz dos bancos peça fundamental nas
formas de estruturar, pessoas empresas e suas relações com o meio, de acordo
com CORRÊA (2006) os bancos são agentes sociais, privados ou públicos que fazem
parte de um grande grupo de gestores do território, pois se apropriam deste
território controlando sua organização socioespacial:
Na
sociedade capitalista atual, a gestão do território deriva em grande parte dos
interesses das grandes corporações multifuncionais e multilocalizadas, entre
elas aquelas do setor bancário [...] A atividade bancária [...] localiza-se nos
centros urbanos: uma cidade aparece como local da sede social de bancos
comerciais, de investimentos, de companhias de arrendamento mercantil etc.
(CORRÊA, 2006, ps. 61-62)
Partindo dessas análises, podemos afirmar que
o espaço urbano atual, não poderia ser pensado sem a atuação dos bancos e suas
vastas redes de agências, administrando e “fornecendo” capital e serviços (poupanças,
mercadorias como seguros, títulos de capitalização etc.), servindo de
mediadores entre partes, e neste caso poderíamos citar os bancos como
interlocutores, entre empresas consumidoras de mão - de -obra e o meio por onde
estas empresas pagariam os custos dessa mão-de-obra, como caixas de depósitos,
financiando compras etc.
Por este contexto, é perceptível que a
atuação dos bancos é inevitável no meio, e logo estes estarão sempre buscando
novas formas de administrar capital, atraindo para si valores, por meio de
campanhas, que são cada vez mais fortes como anúncios em revistas, rádios e em
horário nobre das TVs, e agora de uma forma diferente, por meio do chamado merchandising, em novelas, onde os
personagens são tidos como clientes de determinado banco.
Esta
busca por mercado consumidor, seja jurídico ou físico, fomenta a criação de novos
bancos, como por exemplo, os bancos cooperativos, estes começam a aparecer no
Brasil no inicio da década de 1990, como é o caso dos bancos cooperativos UNICRED[8]
e SICREDI. “As instituições financeiras
privadas criaram vários órgãos associativos para organizar e representar seus
interesses de classe em relação ao Estado e demais seguimentos da sociedade
brasileira”. (MINELLA 2006, p. 58).
Para uma melhor compreensão do sistema de
Bancos Cooperativos, é viável uma pequena explanação sobre o conceito de cooperativismo,
no sentido Stricto Sensu, trazido pela maioria dos dicionários, é a difusão de
praticas cooperativa dentro do sistema econômico. A empresa cooperativa é
formada e administrada por seus próprios usuários, ou seja, pelas pessoas que
usufruem de seus serviços. As empresas cooperativas, e neste caso os bancos
cooperativos trazem uma definição mais abrangente do termo, de acordo com o
Banco Sicredi:
Cooperativismo
é um instrumento de organização econômica da sociedade, criado na Europa no
século XIX, caracterizando-se como uma forma de ajuda mútua através da
cooperação e da parceria. A sociedade cooperativa é uma associação autônoma de
pessoas unidas voluntariamente para satisfazer suas necessidades econômicas,
sociais e culturais comum, por meio de uma empresa de propriedade conjunta e de
gestão democrática. Entre os vários tipos de cooperativas, existem as
cooperativas de crédito, criadas para oferecer soluções financeiras aos seus
associados, constituindo-se num instrumento destes para acesso a produtos e
serviços adaptados às suas necessidades e condições financeiras. (www.sicredi.com.br)
Tomando por base esta definição de forma mais
específica, de que as cooperativas de crédito foram criadas para oferecer
soluções financeiras aos seus associados, o UNICRED afirma ter como objetivo, “propiciar crédito e prestar serviços de
modo mais simples e vantajoso para seus associados”, dentre estes serviços
incluem muitos dos serviços prestados pelos Bancos comuns, como emprestar
dinheiro a seus clientes, neste caso o SICREDI, afirma que os empréstimos a
seus associados são oferecidos “com juros
bem menores e com menos exigências do que os bancos”.
De acordo com GERIZ (2004), o SICREDI – Sistema
de Crédito Cooperativo foi constituído a partir da reestruturação de nove
cooperativas de crédito do Rio Grande do Sul, que permaneceram em atividade no
período de crise iniciado com a institucionalização do crédito rural e com as
restrições impostas à criação e funcionamento de cooperativas de crédito.
Estas nove cooperativas constituíram, em 27
de outubro de 1980, a Cooperativa Central de Crédito Rural do Rio Grande do Sul
Ltda. – COCECRER | RS. A partir dessa reestruturação, o cooperativismo de crédito
foi se desenvolvendo em toda a região, sobretudo nos Estados do Paraná, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul:
Em
1992 a COCECRER \ RS e suas filiadas instituíram o Sistema de Crédito
Cooperativo – SICREDI. Em 1995, mediante autorização do Conselho Monetário
Nacional através da Resolução 2.193 \ 95 foi constituído o BANSICREDI – Banco
Cooperativo SICREDI S.A., primeiro banco cooperativo privado brasileiro.
Atualmente o SICREDI presta serviços às cooperativas filiadas nos Estados do
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo e Rio Grande
do Sul, com estrutura formada por aproximadamente 128 cooperativas singulares,
6 centrais estaduais, pelo SICREDI Serviços e pelo BANSICREDI. (GERIZ, 2004, p. 19-20)
Ao analisarmos os muitos trabalhos que
abordam a questão dos bancos cooperativos no Brasil e no mundo, é notável o
grande crescimento deste sistema, principalmente quando se trata do SICREDI,
que hoje faz parte do grupo de maiores Bancos Cooperativos do Brasil[9].
Desta forma o SICREDI, vai ganhando destaque,
de acordo com o Relatório Anual (2008), elaborado pelo banco, a instituição vai
se tornando cada vez mais “uma
alternativa sólida: um modelo de negócio que oferece soluções financeiras
baseado na transparência e na gestão democrática: o cooperativismo de crédito”.
De acordo com este mesmo relatório, o SICREDI, já possui mais de 1,5 milhões de
associados, possuindo uma rede de mais de mil pontos de atendimento,
distribuídos em 10 estados brasileiros. Os dados abaixo, mostra que a presença
do SICREDI na região Sudeste ainda é tímida, com postos-unidades de atendimento
apenas no estado de São Paulo, sendo no total 39 unidades de atendimento,
destas 3 estão na capital Paulista e 3
na região da Grande São Paulo: Guarulhos, Santo André e São Bernardo do
Campo[10]
DISTRIBUIÇÃO DO SISTEMA SICREDI NO
BRASIL
|
Central
SICREDI
RS | SC
|
Central
SICREDI
PR \ SC
|
Central
SICREDI
Brasil Central
|
Central
SICREDI
MT
|
Central
SICREDI
SP
|
TOTAL
|
Associados
|
939.173
|
296.378
|
51.004
|
137.719
|
20.558
|
1.444.832
|
Unidades de atendimento e Postos Avançados
|
540
|
320
|
47
|
123
|
46
|
1.076
|
Número de Cooperativas
|
59
|
27
|
13
|
15
|
16
|
130
|
Fonte: Elaborada pelo autor com bases contidos em
www.sicredi.com.br, os dados contidos no
site são referentes ao ano de 2008. De
acordo com dados atuais do site (2009), o número de associados já ultrapassa a
marca de mais de 1 milhão e 500 mil associados.
Basicamente todos os serviços prestados pelos
bancos cooperativos, são os mesmo prestados pelo banco comum. Analisando estes
serviços, fica claro o porquê do crescimento destes, pois para estes associados
é bem mais viável abrir uma conta nestes, do que nos bancos comuns, isto
explica o crescente número de associados que estes bancos possuem no país, pois
além de prestar os mesmo serviços, os juros e tarifas,[11]
são menores que os cobrados pelos bancos comuns, e mais uma vez é necessário
acrescentar o sentimento de associado ou dono, que o correntista possui, e este
mais do que cooperado ou correntista, se sente dono:
Sinto-me dono e sou
sócio sim, da Cooperativa onde possuo conta e que está presente na minha comunidade.
O Banco Cooperativo SICREDI S.A é o primeiro banco cooperativo privado do
Brasil. Constituído em 1995, o Banco Cooperativo SICREDI atua como instrumento
das cooperativas de crédito para acessar o mercado financeiro e programas
especiais de financiamento, administrar em escala os recursos do Sistema,
desenvolver produtos corporativos e políticas de comunicação e marketing. Neste
sentido, sua atuação é voltada ao atendimento das demandas do quadro social das
cooperativas de crédito do SICREDI e também daquelas com as quais mantém
convênios específicos de prestação de serviços. O Banco Cooperativo Sicredi é a
instituição financeira que representa as Cooperativas Singulares no sistema financeiro
nacional. Através dele que são intermediadas negociações de recursos repassados
de outras instituições financeiras para serem fornecidos aos associados,
buscando proporcionar às mesmas condições de desenvolver seu negócio, gerar
emprego e renda, bem como promover o desenvolvimento da sociedade onde a Cooperativa
está inserida. Além disso,
disponibilizam produtos e serviços semelhantes aos presentes em outras
instituições do sistema financeiro nacional (públicas ou privadas) e
proporcionam comodidade e praticidade aos que os utilizam. Outra situação que
demonstra ser dono do negócio se refere à Assembléia Geral onde cada associado
possui poder de um voto, independente do valor de seu capital social e de sua
movimentação financeira. (RONALDO RIBEIRO CÂNDIDO – Gerente da Agência SICREDI
de Paranaíba – MS)
Em 2009, o SICREDI recebeu um prêmio de
Destaque, promovido pela Agência Estado, cujo objetivo é premiar as
instituições cujas projeções para os principais indicadores econômicos do país
mais se aproximam da realidade.
Em relação ao UNICRED, as formas de
administração da cooperativa, é a mesma do SICREDI, o que os diferenciam, é os
seus cooperados, o SICREDI, é voltado para o agronegócio, com ênfase no crédito
rural. O UNICRED, conta com mais de 123 unidades, a cooperativa de crédito foi
criada para prestar apoio aos profissionais da saúde, como médicos, psicólogos,
fisioterapeutas, dentistas e outros profissionais, estes vêem o UNICRED, como
uma instituição de confiança, bem diferente dos sistemas de créditos comum.
Ednéia
Perboni Martins[12],
que é cooperada UNICRED desde 2007, já consegue fazer um balanço de sua relação
com a instituição e afirma ter tomado a melhor atitude de sua vida, no que se
diz respeito a negócios, mudando de um banco comum, para uma instituição de
crédito cooperativo: “...todo ano o banco
faz um fechamento, e me passa todos os dados da atual situação da agência-banco
[...] lucros, prejuízos[...] por meio da integralização de capital, se investe
uma quantia mensal, porém se um dia decidir desassociar-me, receberei o valor
de volta corrigido, como se fosse um título de capitalização, este valor
investido, é a taxa geralmente cobrada pelos outros bancos, somente para
manutenção da conta...”
Uma vez que os sistemas cooperativos baseiam
se no principio de ajuda ao próximo, é perceptível enxergar solidariedade nas
atitudes daqueles que fazem parte da instituição financeira de crédito
cooperativo: “consigo ter um ótimo
relacionamento com todos os “administradores” do banco, procuro saber com eles,
opinião de como resolver problemas financeiros, sei o nome de todos aqueles que
estão envolvidos da administração do banco”[13].
Ronaldo Ribeiro Candido, também diz se sentir dono do sistema cooperativo
(SICREDI), onde atua como gerente:
Todo
resultado gerado durante o exercício, através das movimentações realizadas
pelos associados, denominado sobra, é distribuído/devolvido aos associados da
Cooperativa, com critérios definidos em assembléia geral realizada nos primeiros
meses subseqüentes ao final do ano, considerando as deduções e destinações
previstas em estatuto próprio (FATES e Fundo de Reserva). Parte destes recursos
são destinados a atividades que promovem desenvolvimento aos associados e seus
familiares como eventos, cursos, palestras, apoio educacional, etc. (RONALDO RIBEIRO CÂNDIDO – Gerente da Agência SICREDI
de Paranaíba – MS)
Um dos serviços prestados pelas cooperativas
de crédito, e bem solicitado pelos cooperados, é a concessão de crédito:
...as
cooperativas de crédito têm que emprestar para cumprirem o seu papel
institucional, mas têm que emprestar com segurança de receber o crédito que alocaram
junto a seus cooperados [...] para emprestar bem deve colocar em prática o
conceito da boa técnica bancária [...] pode ser definida como um conjunto de
medidas que se destinam a assegurar o retorno do crédito emprestado,
compreendendo a seletividade na concessão do crédito, a possuir a operação
garantias compatíveis com o risco das operações...[14]
O quadro abaixo mostra a evolução do sistema
UNICRED, com destaque paro número de empréstimos feitos nos últimos 4 anos, e é
nítido o grande crescimento no número de cooperados que recorrem à instituição
na busca de crédito.
EVOLUÇÃO DO SISTEMA
UNICRED
2005
|
2006
|
2008
|
|||
Depósitos
a vista
|
387 Milhões
|
Depósitos
a vista
|
480 Milhões
|
Depósitos
a vista
|
642 Milhões
|
Depósitos
a Prazo
|
1.490 Milhões
|
Depósitos
a Prazo
|
1.881 Milhões
|
Depósitos
a Prazo
|
2.565 Milhões
|
Patr. líq.
ajustado
|
654 Milhões
|
Patr. líq.
ajustado
|
823 Milhões
|
Patr. líq.
ajustado
|
1.193 Milhões
|
Sobras
acumuladas
|
136 Milhões
|
Sobras
acumuladas
|
148 Milhões
|
Sobras
acumuladas
|
200 Milhões
|
Ativo
total
|
2.663 Milhões
|
Ativo
total
|
3.315 Milhões
|
Ativo
total
|
4.586 Milhões
|
Empréstimos
|
1.170
Milhões
|
Empréstimos
|
1.405
Milhões
|
Empréstimos
|
2.475
Milhões
|
Ativo
permanente
|
106 Milhões
|
Ativo
permanente
|
128 Milhões
|
Ativo
permanente
|
175 Milhões
|
Receitas
totais
|
580 Milhões
|
Receitas
totais
|
636 Milhões
|
Receitas
totais
|
785 Milhões
|
Associados
|
121.119 Mil
|
Associados
|
139.675 Mil
|
Associados
|
181.299 Mil
|
Funcionários
|
2.224 Mil
|
Funcionários
|
2.498 Mil
|
Funcionários
|
2.519 Mil
|
Fonte:
Elaborado pelo autor de acordo com dados contidos em www.unicred.com.br – Valores em Reais. Os
dados relacionados ao ano de 2007, não constam no site.
O advogado Paulo Braga do UNICRED, afirma que
quando um sistema de crédito cooperativo libera um empréstimo para seu
cooperado, “a capacidade de pagamento não está vinculada ao patrimônio do
tomador”, pois para ele o que conta não é o patrimônio, e sim sua renda, pois a
cooperativa de crédito não tem interesse nos bens dos cooperados, pois esta não
é uma agencia de automóvel e muito menos um depósito de móveis ou utensílios. Ou
seja, não existe uma forma de penhor, o que acaba realmente fazendo a diferença
é o comprometimento do cooperado.
As negociações feitas entre o cooperado e a
cooperativa de crédito são sempre feita de forma muito informal. Ednéia Perboni
Martins, que é associada, tanto como pessoa física como jurídica, sente que a
cooperativa por meio de seus cooperados, (que estão à frente das linhas de
empréstimos), tem realmente um apreço pelo cooperado, algo que não conseguiu
presenciar nos bancos comuns. Segundo ela, os cooperados (tanto o que esta
liberando o empréstimo, como também quem esta recebendo), sabem que no momento
em que cooperativa de crédito liberar o valor solicitado, estará não somente
tornando disponível algum valor, nem interessado no retorno, por meio do pagamento
e das taxas de juros, mas porque sabe que o cooperado vai crescer, e este faz
parte da cooperativa, ou seja, ele também é dono do sistema.
Ao término deste, podemos fazer algumas
considerações sobre estes dois sistemas de crédito cooperativo – UNICRED e
SICREDI, ambos são instituições novas, porém vem fazendo com que de forma
rápida o país tenha conhecimento de suas atuações, principalmente de sua
influencia em dois setores distintos, o UNICRED, atuando como uma forma de
cooperar com o crescimento dos profissionais da área da saúde, e o SICRED,
voltado de forma especial para o crédito cooperativo, porém não exclusivo.
Os bancos cooperativos vêm procurando de
forma ética, baseada no bom senso uma forma de melhorar a qualidade de vida das
pessoas que nelas buscam repostas, não somente para melhorarem seu poder
aquisitivo, mas uma forma de melhor estarem lidando com a sociedade em todos os
níveis.
Os sistemas de crédito cooperativos buscam
não somente por meio de serviços bancários, mas também por meio de atividades
sócio-culturais, melhorarem além da qualidade de vida de seus associados, a da
sociedade de uma forma geral. Isso ficou constatado durante a elaboração deste,
e outros trabalhos já produzidos que abordam a temática, e nas entrevistas com
associados do SICREDI e UNICRED.
Referências:
AMADO,
Adriana
Moreira. “Impactos regionais do processo de reestruturação bancária do início
dos anos 1990”. In CROCCO, Marco e Frederico Jayme Jr. Moeda e Território: uma
interpretação da dinâmica regional brasileira. Belo Horizonte: Autêntica. 2006.
pp, 147-168.
CONTEL,
Fábio.
Território e finanças: Técnicas, normas e
topologias bancárias no Brasil. São Paulo: FFLCH / USP (Tese de doutorado).
2007
CORRÊA,
Roberto
Lobato. “Concentração bancária e os centros de gestão do território”. In
CORRÊA, Roberto Lobato. Estudos sobre a rede urbana. Rio de Janeiro: Bertrand
Brasil. 2006.
GERIZ,
Sheila
Dantas. As cooperativas de crédito no arcabouço institucional do sistema
financeiro nacional. In Prima Facie – ano 3, número 4 jan/jun 2004.
GIDDENS,
Anthony. As conseqüências da modernidade. São Paulo: UNESP, 1991.
GUTTMANN,
Robert e PLIHON, Dominque. “O
endividamento do consumidor n cerne do capitalismo conduzido pelas finanças”.
In Economia e Sociedade Vol. 17, 2008. pp,
575-610.
MINELLA,
Ary.
“Reforçando a hegemonia financeira privada: a privatização dos bancos
estaduais”. In: ALVIM, Valdir e Alceu Ferreira (orgs.) A trama da Privatização.
A Reestruturação Neoliberal do Estado. Florianópolis. Insular. 2001. pp. 49-72
SANTOS,
Milton e SILVEIRA, Maria Laura. O
Brasil. Território e sociedade no início do século XXI. Rio de Janeiro: Record.
2000.
SANTOS,
Milton. Espaço e Método. 5ª ed. São Paulo: Edusp. 2008.
TEIXEIRA,
Natermes Guimarães. Origens do Sistema Multibancário Brasileiro. Das Reformas
dos anos 60 à crise dos anos 80. Campinas. Instituto de Economia. UNICAMP.
2000.
Fontes orais:
Ednéia Perboni Martins: Fisioterapeuta
CREFITO 9\25.651-F. Associada como pessoa física e jurídica da Agência UNICRED /
Três Lagoas – MS.
Ronaldo Ribeiro Cândido:
Gerente da Agência SICREDI / Paranaíba – MS.
Sites:
www.conjur.com.br
- Acesso 13/10/2009
www.institucional.bradesco.com.br
- Acesso 17/11/2009.
www.sicredi.com.br - Vários acessos a partir
de 13/10/2009.
www.unicred.com.br - Vários acessos a
partir: 13/10/2009.
[1] Artigo produzido como forma de
avaliação na disciplina Espaço Geográfico: Urbanização e Finanças, ministrada
pelo Professor Drº Fábio Betioli Contel, no curso de Pós-graduação Stricto
sensu em Geografia Humana, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
– FFLECH, da Universidade de São Paulo.
[2] Aluno especial do Programa de
Pós-Graduação Stricto sensu em Geografia Humana. Bacharel e licenciado em
Geografia pela UFMS ( Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). Campus de
Três Lagoas. Professor efetivo da rede estadual de educação de São Paulo.
[3] Mesmo sendo o termo globalização,
difundido de maneira cada vez mais comum em todos os meios, sejam na TVs,
rádios e jornais, e de forma massiva no meio acadêmico voltados para os estudos
das ciências humanas, cabe aqui mais uma vez, darmos o conceito deste termo,
uma definição bem didática é a de GIDDENS (1991, p. 69), onde ele define globalização
“... como a intensificação das relações
sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que
acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de
distancia e vice-versa”. GIDDENS, Anthony. As conseqüências da modernidade.
São Paulo: Unesp, 1991.
[4] “Cada
vez mais, economistas heterodoxos estão usando o termo “Financeirização”[financialization]
para realçar as diferentes dimensões da importância crescente das finanças e as
implicações macroeconômicas dessa tendência (Stockhammer, 2007) , muitas vezes
questionada pelos seus efeitos restritivos sobre a distribuição e o crescimento
(Stockhammer, 2004; Hein; Van Treeck, 2007).
In GUTTMANN e PLIHON, 2008.
[5] “O
Bradesco inaugurou a agência bancária de Heliópolis, maior comunidade
habitacional de São Paulo, com população de 120 mil pessoas. É o primeiro banco
a se instalar no local. O evento acontece de forma simultânea ao início das
operações da agência Bradesco de Novo Santo Antônio, no Mato Grosso, cidade com
2.250 habitantes. Esses dois pontos completaram o objetivo de atingir 100% dos
5.564 municípios do Brasil”. Disponível em www.institucional.bradesco.com.br.
[6]
Este processo é algo ainda
presente, pois podemos citar dois
exemplos recente, a compra do Banco
Estadual de Santa Catarina –BESC, e
do Banco Nossa Caixa do estado de São
Paulo, ambos pelo Banco do Brasil em
2008. Disponível em www.conjur.com.br
[7] Este processo de transformação da rede bancária, que
não somente tem acontecido com a brasileira, mas também com a de outros países,
aqui mesmo na América Latina, como por exemplo, no México e Argentina. O
Professor Ary Minella, argumenta que este processo do controle “estatal parece
constituir um obstáculo à expansão da hegemonia das grandes instituições
privadas em âmbito nacional e internacional. A pressão para diminuir ou
eliminar completamente a presença de bancos desta natureza se fez sentir
intensamente na América Latina. A maioria dos governos do continente tomou
medidas que visavam diminuir a presença do Estado. ( MINELLA, Ary. Reforçando a
Hegemonia Financeira Privada: a Privatização dos Bancos Estaduais. In ALVIN, Valdir e Alceu Ferreira (orgs.)
A Trama da Privatização: A Reestruturação Neoliberal do Estado. Florianópolis.
Insular. 2001. p. 55.
[8] O UNICRED – Confederação
Nacional das Cooperativas Centrais foi fundada em 11 de Julho de 1994, o
sistema UNICRED é formado pela UNICRED DO BRASIL, UNICREDs CENTRAIS e UNICREDs
Singulares e Postos de Atendimento Cooperativo – PACs. É uma instituição
financeira autorizada e fiscalizada pelo Banco Central do Brasil, sendo
administrada pelos próprios associados, com Diretoria Executiva, Conselhos de
Administração e Fiscal. Disponível em www.unicred.com.br
[9] “Os dois
maiores sistemas cooperativos de crédito em nosso país são o SICOOB – Sistemas
de Cooperativas de crédito o Brasil, e o SICREDI – Sistema de Crédito
Cooperativo. (GERIZ, 2004, p. 18)
[11] Para
maiores informações, acessem www.sicredi.com.br
- Tabela de tarifas máximas
SICREDI.
[12]
Fisioterapeuta CREFITO 9\25.651-F. Associada como pessoa física e jurídica da
Agência UNICRED – Três Lagoas – MS.
[13]
Ibdem...
[14] Paulo
Braga, advogado associado do sistema UNICRED, disponível em www.unicred.com.br
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