sábado, abril 13, 2013

Aluno da Fernando Gasparian estudando em Dublin

Em entrevista, Josué Borges fala sobre sua viagem para estudar no exterior. Ele concluiu o ensino médio no Fernando Gasparian em 2008 e é formado em Análise e Desenvolvimento de Sistemas. Atualmente, ele estuda em Dublin, na Irlanda e dá dicas para quem quer ingressar num intercâmbio:

Blog pergunta: Josué, nos fale um pouco sobre sua história de vida. Onde nasceu, cresceu e viveu.

Josué responde: Nasci em Jabaquara – SP, mas sempre morei no bairro do Campo Limpo na zona sul de São Paulo, onde por sinal era um lugar pacato.

Blog: Você sofreu com paradigmas expostos pela sociedade? Fale sobre a dificuldade que alguém da periferia enfrenta (seja financeiramente ou qualquer outro motivo).

Josué: Apesar de sempre ter vivido na região do Campo Limpo, eu não seria a pessoa mais indicada para apontar dificuldades ou paradigmas, pois não me recordo de nenhum que seja significativo que passei; talvez pelo fato de eu nunca ter encarado como uma dificuldade. As únicas questões que tratariam de dificuldades significativas nos dias de hoje baseiam-se na educação escolar e saúde. Porque a cada ano o ensino vem regredindo e os hospitais estão cada vez mais cheios e sem recursos imediatos.

Blog: Explique passo a passo como você se inscreveu no intercâmbio.

Josué: Meu irmão e eu fizemos diversas pesquisas sobre o assunto e o que deveríamos fazer para dar este passo. Basicamente, não há segredo, somente um bom planejamento. Escolhi o país, chequei custo de vida e facilidades desde viagens pela Europa até o visto de permanência. Comprei meu pacote de estudos com uma agência de intercâmbio para a Irlanda e recebi importantes orientações sobre documentação e requisitos do país. Arrecadei o dinheiro necessário para a viagem e não deixei nada pendente no Brasil para não ter problemas. Com passagens e passaporte na mão, lá vamos nós, aguenta coração.

Blog: Quando e como você decidiu ir para o exterior. Você já tinha juntado todo o dinheiro ou foi “com a cara e a coragem”?

Josué: A ideia do intercâmbio surgiu em 2008 através do meu irmão. Sempre pensávamos investir em conhecimento e percebemos que esta era uma incrível e singular oportunidade de crescimento, tanto pessoal quanto profissional. Como meu objetivo principal era estudar primeiro, juntei o dinheiro necessário para me manter, mas não era o suficiente para um ano completo, vendo que os imprevistos e atrações surgiram logo, como por exemplo, viagens. O termo “com a cara e a coragem” pode funcionar se a economia do país estiver boa ou se o seu objetivo principal for somente trabalhar, mesmo assim não indico ninguém fazer intercâmbio deste modo, primeiramente pelo fato que deve estar familiarizado com o idioma nativo. Planeje-se e evite surpresas.

Blog: É importante falar que não existe apenas intercâmbio pago; o governo oferece oportunidades tais como o Programa Jovem Embaixador. Nele, um dos pré-requisitos é estudar em escola pública e serve justamente para quem é menos favorecido financeiramente. Dê conselhos para os jovens que também querem ir para o exterior.

Josué: Aproveitem ao máximo essas oportunidades, pois é um investimento para vocês. O fato é que estudar outra língua é muito importante para o sucesso na carreira profissional. Traz crescimento pessoal, pois você vivencia outra cultura, aprende a lidar com diferentes costumes, amplia sua visão sobre o mundo, sem esquecer é claro de fazer diversos amigos que futuramente pode visitá-los e conhecer lugares diferentes e maravilhosos. E por ultimo e não menos importante, você desfruta de sua independência e como resultado amadurece.

Blog: Você já sabia falar inglês? Caso não, explique sobre as dificuldades de comunicação que você teve.

Josué: Sabia coisas básicas como saudações, já conseguia ler alguns livros menores (Com o dicionário do lado “hehe”) e conhecia algumas regras gramaticais. Fiz um curso de inglês por 8 meses em 2005 e 4 meses no ano de 2012.

Aprender uma nova língua nunca é fácil, mas aqui na Irlanda a maior dificuldade que tive era em ouvir o que se era dito, devido ao simples fato do sotaque. Sabia formular uma pergunta, mas não era capaz de entender a resposta. Mas com o passar do tempo e muito treino, consegui quebrar essa dificuldade. O foco e dedicação aos estudos são essenciais para enfrentar as dificuldades da comunicação.

Blog: O jovem, gratuitamente, pode se inscrever no Centro de Estudo de Línguas (CEL) que oferece cursos em diversos idiomas; inclusive vão abrir inscrições no meio do ano. Contudo, você acha que falta oportunidade ou muitas vezes é preguiça?

Josué: Neste caso, mudaríamos a palavra preguiça para falta de interesse. No meu ponto de vista há sim falta de interesse dos jovens de para aprender diferentes idiomas. Talvez pelo fato de não gostarem ou acharem difícil. Você já deve ter falado ou escutado algum amigo falar que estudar outro idioma é chato, que tem um monte de coisas para decorar, verbo no presente, passado, futuro, quando vou usar isso, etc. Talvez por isso a ideia do intercâmbio chame mais atenção, pois não há nada mais divertido que praticar e vivenciar o que se é aprendido. Mas o fato é que as oportunidades sempre existem para quem estão atrás.

Blog: E as aulas do intercâmbio, como são?

Josué: Em primeira instancia parecem ser um pouco difíceis devido ao sotaque dos professores, pelo fato de não serem brasileiros. As aulas são sempre dinâmicas e participativas sendo divididas em duas partes, teoria e conversação. Nas aulas não é permitido falar na sua língua nativa, até mesmo para incentivá-lo a pratica total da língua que está aprendendo. São feitos passeios culturais todo mês para que os alunos possam aprender um pouco sobre o país e/ou cidade onde estão.

Blog: Para encerrar, descreva a cidade que você está e as outras que já visitou na Europa.

Josué: Estou na cidade de Dublin na Irlanda, um lugar tranquilo, muito rico em cultura, com um povo amigável e engraçado, também conhecida com a casa do U2... isso mesmo o U2 é uma banda de rock irlandesa. Estive em Paris na França e digo que não deixa nada a desejar. Edimburgo e Galway na Escócia, Londres e Cheltenham na Inglaterra e por ultimo em Bruxellas e Bruges na Bélgica.

Blog: A propósito, explique a facilidade que é viajar já dentro a Europa. Fale da organização da cidade (curiosidades como, o acento preferencial – se podemos sentar como fazemos no Brasil - e a culinária do lugar).

Josué: Imagine uma viagem de São Paulo para o Rio de Janeiro ou de Minas para Bahia... Bom é basicamente a mesma coisa, aqui se viaja de país para país como se fosse de estado para estado no Brasil com a pequena diferença do preço que se paga, que é muito mais barato.

Dublin é uma cidade bem pequena, organizada e tranqüila. Policiais sempre por perto e não estão equipados com armas de fogo ou coisa do gênero, aliás, são super simpáticos em dar informações e tiram fotos com turistas com um enorme sorriso estampado no rosto.

Faróis de transito não são acurados e muitas vezes não fazem sentido, mas são respeitados a rigor.

Ônibus raramente estão entupidos, pelo menos não tenho visto nenhum. Um fato interessante sobre os ônibus é que são utilizados apenas bilhetes eletrônicos com créditos ou moedas... Isso mesmo, não é aceito notas de dinheiro, se não tiver moedas precisa correr a qualquer loja e trocar. Aliás, as passagens são cobradas pela distância percorrida e não possuem um valor exato, a não ser que seja pelo bilhete eletrônico que dependerá da quantidade comprada.

Culinária é bem forte, o tradicional café da manha Irlandês é servido com salsichas, ovos, bacon, feijão, café ou chá. A maioria das refeições é utilizada batata, sendo bem conhecido na Europa peixe com batatas.

Espero ter esclarecido as dúvidas e incentivado vocês galera. Um forte abraço!

Blog: Josué, Muito obrigado pela sua entrevista!!!

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