segunda-feira, setembro 16, 2013

LIBERDADE como sinônimo de NATUREZA - Paula Medeiros de Castro

 Muitos cantaram, muitos solicitam, mas poucos conseguem definir a liberdade com exatidão. Dizer-se livre, para alguns autores, vai além da condição física do escravo, por exemplo. Ninguém se torna livre do dia pra noite, mas nascemos livres, e quando no percurso da vida tiram-nos essa liberdade acostumamos-nos a viver na dependência seja econômica, física, psicológica, tal é o estado dos escravos, tal é o estado dos homens.
Jean-Jacques Rousseau escreveu um livro intitulado Emilio, ou Da Educação onde defende a idéia de que como homens somos natureza, e como natureza, quanto menos influencias externas em nossa rota, melhor para manutenção de nossa liberdade original, tal os rios ou as florestas antes da intervenção humana.

Ilustração de RHT
O tema é o norte do livro todo em oposição aos homens que vivem sob grilhões, tal o homem social de seu tempo, de nosso tempo. Para deixar o homem livre por natureza desenvolver-se em comunhão com os demais, em sociedade, se faz preciso uma educação de acordo que nos torne capazes de ser o que nascemos pra ser “governadores de nós mesmos” e não escravos das instituições, já que a manutenção destas requer a escravidão desses.
Tudo instrui!
Desde que nascemos buscamos nos aproximar daquilo que nos afeta positivamente e nos afastamos naturalmente daquilo que nos afeta negativamente. Temos fome, gritamos, e logo um saboroso leite escorre em nossa boca…é possível que queiramos ficar ali, com o leite em nossos lábios o dia todo, seguros, mas isso dependeria da vontade de outro e não da nossa vontade, tal é o limite de nossa liberdade e o começo de nossa educação da natureza. Aprendemos esses limites ainda pequenos. Para deixar forte o homem que nasce fraco é preciso que sua vontade esteja de acordo com suas forças e que ela dependa única e exclusivamente de si mesmo para sua satisfação. Nascemos totalmente dependentes, e enquanto não tivermos nossos raciocínios e nossas experiências de vida como aporte para nossas decisões e escolhas, que os demais possam exercer pouca ou nenhuma influência sobre elas. “Que nada ele saiba porque lho disseste, mas porque ele próprio o compreendeu; não aprenda ele a ciência, mas a invente (..) se alguma vez substituirdes em seu espírito a razão pela autoridade, ele não raciocinará mais e não será mais do que um joguete da opinião dos outros.” (Emilio, ou Da Educação, livro III, pág. 206)
Como advogada do diabo pergunto: somos livres por natureza? Nossa liberdade está condicionada ao direcionamento de nossas vontades? Nossa vontade deveria estar atrelada às nossas forças, ao tamanho de nossos braços e nossas pernas? Quando dependemos dos outros somos livres ainda?
Paula Medeiros de Castro – Bacharel, licenciada e mestre em Filosofia pela PUC-SP, com formação em Filosofia para crianças pelo CBFC. Educadora Social, participa do CAPS e é ativista do Fórum cultural.

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